terça-feira, 17 de abril de 2012

Dom Pedro I e os 190 anos da Independência do Brasil

Em setembro deste ano os brasileiros comemorarão os 190 anos da Independência do Brasil. O grande herói deste movimento foi, sem dúvida nenhuma, Dom Pedro I. Personagem marcante e contraditório, amado e odiado, Dom Pedro I teve uma vida breve mas intensa. Viveu apenas 36 anos, sendo que aos 9 veio para o Brasil com a família real fugindo do cerco feito pelas tropas de Napoleão a Portugal. A partir de então sua história e a do povo brasileiro estariam ligadas para sempre.
Há 190 anos, em janeiro de 1822, ao dizer que não voltaria para Portugal, no famoso dia do Fico, Dom Pedro I definia o destino do Brasil. Por sua ousadia ao desafiar as cortes portuguesas impediu que o Brasil voltasse ao estágio de colônia e deu o primeiro passo para a criação de uma união nacional.
Dom Pedro garantiu a unidade do império brasileiro ao enfrentar as cortes de Lisboa. Mas embora se dissesse ser um liberal, agia mais como um déspota autoritário. Contrariado dissolveu a primeira constituinte em 1822 e em 1824 outorgou sua própria constituição. Apesar disso, sua constituição foi a mais liberal do período e lhe deu a fama de herói constitucionalista na Europa.

Como lembra a historiadora Isabel Lustosa autora da biografia intitulada “Dom Pedro I: Um Herói Sem Nenhum Caráter”, publicada em 2005 pela Companhia das Letras, este é um personagem difícil de enquadrar em uma mítica de fundador da nacionalidade.
Isto porque Dom Pedro I ficou conhecido também pelo seu estilo irresponsável, malcriado, briguento e fanfarrão. Acostumado com os cavalos e com o povo das ruas e das tavernas por onde andava era conhecido por ter “modos de estrebaria”. Dom Pedro I havia sido criado no Brasil completamente livre, cuidando de seus cavalos, praticando a marcenaria e as atividades musicais. Embora sendo um príncipe herdeiro, não tinha muito interesse pelos livros e pelos estudos.
Segunda Isabel Lustosa, muitas das qualidades de Dom Pedro I ficaram obscurecidas por seus defeitos e excessos. Foi um marido cruel para a imperatriz Leopoldina muitas vezes chegando a bater na princesa. Traindo-a na frente do todos, obrigou-a a conviver com sua amante Domitila a quem deu o título de Marquesa de Santos. Considerado imoral e conivente com sua amante corrupta, foi taxado de mesquinho e desonesto. Despótico, injusto, desconfiado, implacável nas punições, mandou executar Frei Caneca. Traidor de seus mais fiéis auxiliares, demitiu José Bonifácio e mandou-o para um longo exílio.
Em sua breve e turbulenta vida Dom Pedro I foi regente e imperador do Brasil, garantiu a unidade nacional e deu ao país uma constituição que perduraria por mais de 65 anos. Autor da bela música do Hino da Independência cuja letra é de Evaristo Veiga.
Em abril de 1831 abdicou da coroa em favor de seu filho Dom Pedro II e partiu para a Europa. Lá lutou para retomar a coroa de Portugal para sua filha Maria da Gloria. Dom Pedro comandou um exército de sete mil homens que enfrentou o vasto exército de seu irmão Dom Miguel, composto de 80 mil homens. Apesar de toda a desigualdade de forças, após dois anos de luta Dom Pedro I venceu seu irmão. Debilitado pela guerra Dom Pedro estava tuberculoso e muito doente. O imperador viria a morrer no dia 24 de setembro de 1834, aos 36 anos, na mesma cama em que nasceu no palácio de Queluz. Deixou sua filha reinando em Portugal e seu filho, Dom Pedro II, no Brasil.
Nos 190 anos de nossa independência, a vida de algumas personalidades marcam este momento tão peculiar do Brasil. Não faltam intrigas e histórias pessoais que se misturam com os destinos da nação.

Música tema do comentário: Hino da Independência - Marcello Caminha - CD Hinos Brasileiros ao Violão.
Para escutar o áudio do comentário veiculado na rádio FM Cultura 107,7 no programa Cultura na Mesa de 17/04/2012  acesse aqui: http://www.baixa.la/arquivo/6783595

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