terça-feira, 24 de abril de 2012

Livros contam a história do romance entre D. Pedro I e a Marquesa de Santos


Um dos romances mais famosos de nossa História, o de Dom Pedro I e a Marquesa de Santos, recentemente voltou a ser tema de livros./ Isto porque em 2010, foram encontradas em um museu norte-americano, 94 cartas do imperador Dom Pedro I endereçadas a sua amante a Marquesa de Santos./
O pesquisador independente Paulo Rezzutti, foi quem descobriu no museu da Hispanic Society of America em Nova Iorque, 94 cartas escritas por Dom Pedro I entre 1823 e 1827 e que até então estavam desaparecidas./ De posse deste material riquíssimo Paulo Rezzutti escreveu o livro publicado no ano passado “Titília e o Demonão - Cartas Inéditas de Dom Pedro I a Marquesa de Santos”./ As cartas, transcritas e comentadas pelo autor, permitem ao leitor tomar contato com o lado íntimo e humano do nosso primeiro imperador, sua paixão, ciúmes, infidelidades, seu profundo carinho e cuidado com seus filhos, legítimos e bastardos./
Por meio das cartas de Dom Pedro à sua amante Domitila de Castro Canto e Melo, podemos observar também aspectos da vida cotidiana e dos costumes do Brasil naqueles anos logo após a independência./
Este mês está sendo lançado o livro da historiadora Mary Del Priori intitulado “A Carne e o Sangue”./ que trata do mais famoso o triângulo amoroso da história do Brasil: formado por Dom Pedro I , a imperatriz Leopoldina e Domitila, mais conhecida como Marquesa de Santos./
Em “ A Carne e o Sangue” Mary del Priori nos apresenta um Dom Pedro que pouco se preocupava em ser discreto./ Entre seus inúmeros casos amorosos, Dom Pedro já casado com a imperatriz Leopoldina, toma por amante a bela Domitila de Castro Canto e Melo./ Logo traria a amante e toda sua família para viver na corte./ Dom Pedro transformou Domitila em dama da imperatriz./ Lhe concedeu o título de viscondessa e depois de marquesa./ Além de distribuir títulos de nobreza para toda sua família./ Criou os filhos bastardos que teve com Domitila junto aos herdeiros legítimos./
A reação da imperatriz Leopoldina as traições do marido, por quem era apaixonada, foram inicialmente de uma suposta indiferença./ Leopoldina era tida como uma pessoa gentil e educada e estudiosa./ Pouco sensual, era uma mulher criada para desempenhar uma função política num casamento real./ Como ela mesma diria em uma carta a sua irmã: mulheres como ela eram peças em um jogo./
 Sensível e de pouca iniciativa, terminou em uma profunda depressão que a levou a obesidade e ao desleixo./ Não se importava mais com nada./ Acabou doente e morreu depois de uma longa agonia enquanto Dom Pedro estava em viagem./



Quanto a Domitila, Marquesa de Santos, com certeza ela era uma mulher, que além de grande beleza, tinha uma personalidade forte./ Como muitas paulistas de seu tempo, assumiu seus próprios riscos./ Vinha de uma família da elite colonial possuindo até mesmo um suposto parentesco com a nobreza./
Casou-se jovem aos 15 anos com um homem que a maltratava e que a esfaqueou./ Com ele teve dois filhos./ Divorciada, Domitila conheceu Dom Pedro no momento da independência quando ele estava em São Paulo, em agosto de 1822./ A partir daí passariam sete anos de um amor intenso, apaixonado, proibido, escrachado e adúltero./ 


Amor que só terminaria com a chegada da nova imperatriz e do casamento de Dom Pedro com a lindíssima e jovem Dona Amélia de Leuchtenberg, em 1829./


O livro de Mary Del Priore, “A Carne e o Sangue”, juntamente com as cartas publicada por Paulo Rezzutti em “Titília e o Demonão”, são duas obras que revelam detalhes deste triângulo amoroso ao mesmo tempo que fazem desfilar a vida cotidiana e política do início do Império no Brasil de um modo original e agradável de ler./


Estas duas obras trazem a tona detalhes da vida de personagens históricos brasileiros, sem no entanto apresentá-los de uma forma maniqueísta, ou vendo seu lado picaresco ou como heróis desumanizados./
Dom Pedro I e Domitila, assim como Leopoldina e todas as pessoas envolvidas neste triângulo amoroso, aparecem aqui constituídas de defeitos e qualidades./ Embora tenham sido atores em um momento fundamental da construção de nossa nacionalidade, por baixo dos lençóis eram também, pessoas de carne e osso./

Para ouvir este comentário veiculado no dia 24/04/2012 no programa Cultura na Mesa na rádio FM Cultura 107,7 de Porto Alegre, clique aqui:  http://www.baixa.la/arquivo/2612434
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As músicas tocam ao fundo deste comentário, uma contradança e uma valsa, são composições possivelmente de autoria de Dom Pedro I, interpretadas aqui pelo músico e pesquisador Antônio Carlos Magalhães do CD “Forte piano No Brasil do Século XIX”.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Dom Pedro I e os 190 anos da Independência do Brasil

Em setembro deste ano os brasileiros comemorarão os 190 anos da Independência do Brasil. O grande herói deste movimento foi, sem dúvida nenhuma, Dom Pedro I. Personagem marcante e contraditório, amado e odiado, Dom Pedro I teve uma vida breve mas intensa. Viveu apenas 36 anos, sendo que aos 9 veio para o Brasil com a família real fugindo do cerco feito pelas tropas de Napoleão a Portugal. A partir de então sua história e a do povo brasileiro estariam ligadas para sempre.
Há 190 anos, em janeiro de 1822, ao dizer que não voltaria para Portugal, no famoso dia do Fico, Dom Pedro I definia o destino do Brasil. Por sua ousadia ao desafiar as cortes portuguesas impediu que o Brasil voltasse ao estágio de colônia e deu o primeiro passo para a criação de uma união nacional.
Dom Pedro garantiu a unidade do império brasileiro ao enfrentar as cortes de Lisboa. Mas embora se dissesse ser um liberal, agia mais como um déspota autoritário. Contrariado dissolveu a primeira constituinte em 1822 e em 1824 outorgou sua própria constituição. Apesar disso, sua constituição foi a mais liberal do período e lhe deu a fama de herói constitucionalista na Europa.

Como lembra a historiadora Isabel Lustosa autora da biografia intitulada “Dom Pedro I: Um Herói Sem Nenhum Caráter”, publicada em 2005 pela Companhia das Letras, este é um personagem difícil de enquadrar em uma mítica de fundador da nacionalidade.
Isto porque Dom Pedro I ficou conhecido também pelo seu estilo irresponsável, malcriado, briguento e fanfarrão. Acostumado com os cavalos e com o povo das ruas e das tavernas por onde andava era conhecido por ter “modos de estrebaria”. Dom Pedro I havia sido criado no Brasil completamente livre, cuidando de seus cavalos, praticando a marcenaria e as atividades musicais. Embora sendo um príncipe herdeiro, não tinha muito interesse pelos livros e pelos estudos.
Segunda Isabel Lustosa, muitas das qualidades de Dom Pedro I ficaram obscurecidas por seus defeitos e excessos. Foi um marido cruel para a imperatriz Leopoldina muitas vezes chegando a bater na princesa. Traindo-a na frente do todos, obrigou-a a conviver com sua amante Domitila a quem deu o título de Marquesa de Santos. Considerado imoral e conivente com sua amante corrupta, foi taxado de mesquinho e desonesto. Despótico, injusto, desconfiado, implacável nas punições, mandou executar Frei Caneca. Traidor de seus mais fiéis auxiliares, demitiu José Bonifácio e mandou-o para um longo exílio.
Em sua breve e turbulenta vida Dom Pedro I foi regente e imperador do Brasil, garantiu a unidade nacional e deu ao país uma constituição que perduraria por mais de 65 anos. Autor da bela música do Hino da Independência cuja letra é de Evaristo Veiga.
Em abril de 1831 abdicou da coroa em favor de seu filho Dom Pedro II e partiu para a Europa. Lá lutou para retomar a coroa de Portugal para sua filha Maria da Gloria. Dom Pedro comandou um exército de sete mil homens que enfrentou o vasto exército de seu irmão Dom Miguel, composto de 80 mil homens. Apesar de toda a desigualdade de forças, após dois anos de luta Dom Pedro I venceu seu irmão. Debilitado pela guerra Dom Pedro estava tuberculoso e muito doente. O imperador viria a morrer no dia 24 de setembro de 1834, aos 36 anos, na mesma cama em que nasceu no palácio de Queluz. Deixou sua filha reinando em Portugal e seu filho, Dom Pedro II, no Brasil.
Nos 190 anos de nossa independência, a vida de algumas personalidades marcam este momento tão peculiar do Brasil. Não faltam intrigas e histórias pessoais que se misturam com os destinos da nação.

Música tema do comentário: Hino da Independência - Marcello Caminha - CD Hinos Brasileiros ao Violão.
Para escutar o áudio do comentário veiculado na rádio FM Cultura 107,7 no programa Cultura na Mesa de 17/04/2012  acesse aqui: http://www.baixa.la/arquivo/6783595