Está sendo lançado este mês o livro Lampião Violência e Esperteza da pesquisadora da fundação Casa de Rui Barbosa, Isabel Lustosa. Virgulino Ferreira da Silva, conhecido como Lampião, foi o mais famoso cangaceiro de todos os tempos. Transformado hoje num mito nacional, Lampião liderou um bando de cangaceiros realizando ataques por toda a região nordeste incluindo sete estados e deixando um rastro de violência e medo. Hoje ele é um mito nacional, cantado em versos, inspirando a literatura, o cinema e todas as demais artes. Lampião e seu bando foram fotografados e filmados por Benjamin Abrahão, que retratou a rotina dos cangaceiros durante seis meses em 1936. Em seu livro Lampião Violência e Esperteza, Isabel Lustosa, em uma narrativa bastante didática, apresenta a biografia deste que é considerado um símbolo de coragem, cabra macho e vingador do sertão pobre. Na verdade Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, com seu bando, ao longo de mais de vinte anos matou de forma fria e muitas vezes com requintes de crueldade pais de família e jovens rapazes, e até mesmo famílias inteiras. Violentou mulheres, castrou homens, torturou e maltratou velhos, arrasou vilas e propriedades rurais. Lampião e seu bando enterravam gente viva, cortavam cabeças, marcavam com ferro em brasa o rosto de moças que considerassem vestidas de forma inadequada.
A ousadia de lampião não tinha limites e ele chegou a propor em carta ao governador de pernambuco, em 1926, que o Estado fosse dividido em dois, metade ficando sob seu comando, passando ele a ser o “governador do sertão”.
Embora Lampião tenha sido transformado, a partir dos anos 60, em símbolo de justiça social, o bom bandido que lutava contra a opressão, na verdade ele só se manteve em ação por tanto tempo, não só devido a sua astúcia, mas principalmente por que servia a classe dominante (.....)
Comentário veiculado na FM Cultura 107,7 no dia 13/09/2011 no programa Cultura na Mesa
Trilha sonora do comentário - Trio Cangaço - "Lamento Nordestino"
Imagens retiradas do Google Imagens.