MAHOMMAH
GARDO BAQUAQUA NASCEU POR VOLTA DE 1820 EM DJOOGOO NO ATUAL BENIN. ELE PERTENCIA A UMA FAMÍLIA MUÇULMANA PROEMINENTE. BAQUAQUA CEDO
FOI ALFABETIZADO EM ÁRABE E TINHA CONHECIMENTOS EM MATEMÁTICA E DO
ALCORÃO. NA REGIÃO EM QUE VIVIA PASSAVAM CARAVANAS QUE VINHAM DE
IMPORTANTES ROTAS COMERCIAIS DA ÁFRICA OCIDENTAL. CEDO ELE FOI
PREPARADO PARA TRABALHAR NESTA ATIVIDADE JUNTO A SEUS PAIS, IRMÃOS E
TIOS.MAS
SEU DESTINO LOGO VIRIA A SER ALTERADO QUANDO, DURANTE O COMERCIO
DE GRÃOS, FOI PRESO E FEITO ESCRAVO PELO POVO ASHANTI. LIBERTADO POR
SEU IRMÃO LOGO SERIA NOVAMENTE CAPTURADO DESTA VEZ COMO PUNIÇÃO
POR TER SIDO PEGO BEBENDO, ATITUDE PROIBIDA PELO ISLÃ.
DESTA
VEZ BAQUAQUA SERIA LEVADO PARA A REGIÃO LITORÂNEA DE UIDÁ, PORTO
DE ONDE SAIAM CATIVOS PARA SEREM LEVADOS PARA A AMÉRICA. MAHOMMAH
GARDO BAQUAQUA AINDA ERA UM ADOLESCENTE QUANDO FOI EMBARCADO EM UM
NAVIO NEGREIRO OU TUMBEIRO COMO ERAM CHAMADOS. LEVADO ATÉ A COSTA
BRASILEIRA FOI DESEMBARCADO NO NORDESTE EM 1845.
SUA VIDA DARIA
MUITAS REVIRAVOLTAS, COM TENTATIVAS DE FUGA E SUCESSIVAS VENDAS,
PASSANDO POR UM PÉRIPLO DE VIAGENS QUE O LEVARAM A VÁRIAS PARTES
DO MUNDO E O FIZERAM CONHECER DIVERSAS LÍNGUAS E POVOS. BAQUAQUA
PASSOU POR PERNAMBUCO, RIO DE JANEIRO, RIO GRANDE DO SUL, NOVA YORK,
HAITI, BOSTON, ONTÁRIO NO CANADÁ, DETROIT, LIVERPOOL. O ÚLTIMO
REGISTRO QUE SE TEM DELE FOI UMA CARTA DE 1857. SUSPEITA-SE QUE ELE
TENHA CONSEGUIDO REALIZAR SEU DESEJO DE VOLTAR PARA A ÁFRICA.
A
VIDA DESTE HOMEM, QUE FOI RETIRADO DE SEU MUNDO FAMILIAR E LEVADO
PARA OUTRO CONTINENTE, ONDE FOI ESCRAVIZADO, MAS QUE CONSEGUIU,
DIANTE DE TODAS AS INÚMERAS DIFICULDADES POR QUE PASSOU, LUTAR E
CONQUISTAR SUA LIBERDADE, SÓ FOI CONHECIDA GRAÇAS AO FATO DELE TER
NARRADO SUA HISTÓRIA EM UMA BIOGRAFIA ESCRITA E PUBLICADA EM 1854 EM
DETROIT. EMBORA EXISTAM MUITOS RELATOS DE ESCRAVOS NORTE AMERICANOS
ESTA É A ÚNICA AUTOBIOGRAFIA QUE SE TEM NOTÍCIA DE UM ESCRAVO QUE
VIVEU NO BRASIL.
O
RELATO INTITULADO UMA INTERESSANTE NARRATIVA: A BIOGRAFIA DE
MAHOMMAD GARDO BAQUAQUA (TRADUÇÃO LIVRE) SERÁ EDITADA EM PORTUGUÊS E LANÇADA
ATÉ O FINAL DO ANO QUE VEM. ESTA INICIATIVA FAZ PARTE DE UM PROJETO
DO PROFESSOR PERNAMBUCANO BRUNO VERAS QUE FAZ DOUTORADO SOBRE O TEMA
NA UNIVERSIDADE DE YORK NO CANADÁ E DE SEU ORIENTADOR PAUL LOVEJOY. COM O APOIO DO MINISTÉRIO DA CULTURA E DO CONSULADO DO CANADÁ, ELES
CRIARAM UM SITE WWW.BAQUAQUA.COM.BR
ONDE VOCÊ PODE GRATUITAMENTE VER VÍDEOS, IMAGENS E ENTREVISTAS SOBRE
O TEMA.
ALÉM
DO SITE TAMBÉM FOI PRODUZIDO UM PEQUENO DOCUMENTÁRIO PELOS
PESQUISADORES DA UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO EM PARCERIA COM OS PROFESSORES DA
REDE DE ENSINO DO ESTADO, INTITULADO COMUM E EXTRAORDINÁRIO EM
DUAS PARTES E QUE PODE SER ACESSADO PELO YOUTUBE.
O
ESTUDO E A DIVULGAÇÃO DA AUTOBIOGRAFIA MAHOMMAD BAQUAQUA, UM HOMEM
AFRICANO QUE VIVEU COMO ESCRAVO NO BRASIL, É FUNDAMENTAL NA MEDIDA
EM QUE ELE RELATA COMO VIVIAM AS COMUNIDADES NA ÁFRICA NAQUELE
PERÍODO, COMO ELE LUTOU DAS MAIS VARIADAS FORMAS PARA CONQUISTAR SUA
LIBERDADE – FUGINDO, SENDO UM MAU ESCRAVO, TENTANDO MATAR SEU
PATRÃO E SUICIDAR-SE E – MAIS TARDE QUANDO CHEGA AOS EUA-
ENGAJANDO-SE NA LUTA ABOLICIONISTA DA QUAL A ESCRITA DE SUA
AUTOBIOGRAFIA FAZIA PARTE.
A
HISTÓRIA DE BAQUAQUA, MAIS QUE TUDO É A HISTÓRIA DE UM HOMEM, UM
INDIVÍDUO COM SUAS FRAQUEZAS E LUTAS. ELA DÁ UMA CARA, UMA
HUMANIDADE A HOMENS QUE ERAM CONSIDERADOS NA ÉPOCA COISAS E QUE
PASSARAM PARA A HISTÓRIA COMO ESCRAVOS PERTENCENTES A UMA MASSA DE
ANÔNIMOS, MUITAS VEZES APENAS COMO VÍTIMAS E POUCAS VEZES COMO
PROTAGONISTAS DE SUA PRÓPRIA HISTÓRIA.
OUTRO
TÓPICO IMPORTANTE NESTE TRABALHO É DE DAR CONHECIMENTO A UM TEMA
AINDA POUCO CONHECIDO A DE QUE A ESCRAVIDÃO JÁ ERA MUITO COMUM NA
ÁFRICA ANTES MESMO DE OS PRIMEIROS CATIVOS SEREM VENDIDOS PARA A
AMÉRICA. NO MUNDO TODO HOUVE ESCRAVIDÃO E NA ÁFRICA ELA SE DAVA
EM LARGA ESCALA. TORNAR-SE UM CATIVO DE GUERRA, POR DÍVIDA OU POR
PRÁTICAS DE CRIMES ERA COMUM. TAMBÉM NÃO PODEMOS ESQUECER QUE QUANDO FALAMOS EM ÁFRICA NÃO SIGNIFICA UMA LOCALIDADE OU UM PEQUENO TERRITÓRIO MAS UM IMENSO CONTINENTE COM UMA GRANDE DIVERSIDADE
CULTURAL, LINGUÍSTICA E RELIGIOSA.
O
SITE É UMA EXCELENTE FONTE DE TRABALHO PARA PROFESSORES DE HISTÓRIA ABORDAREM O TEMA DA ESCRAVIDÃO NAS ESCOLAS.
A
PROPOSTA DO SITE SOBRE A VIDA DE BAQUAQUA É DE TRAZÊ-LA PARA ALÉM
DO MUNDO ACADÊMICO E LEVÁ-LA PARA AS ESCOLAS DE ENSINO FUNDAMENTAL E
MÉDIO, MOSTRANDO AS LUTAS E AS CONQUISTAS DE SERES HUMANOS QUE
PASSARAM PELA TENTATIVA DE UMA TOTAL DESUMANIZAÇÃO. COMO CITA UM
PROFESSOR PERNAMBUCANO, A BIOGRAFIA DE BAQUAQUA CONTA A EXPERIÊNCIA EXTRAORDINÁRIA DE UM INDIVÍDUO COMUM QUE, APESAR DE TODAS AS
ENORMES BARREIRAS, ENFRENTOU TODOS OS OBSTÁCULOS E ESCREVEU SOBRE O
CONTEXTO EM QUE VIVA E QUE LUTOU PARA MODIFICAR. UMA HISTÓRIA DE
SUPERAÇÃO E DE LUTA CONTRA OS ESTEREÓTIPOS EM TORNO DO ESCRAVO,
BASEADOS NA VELHA CRENÇA DE QUE ERAM SUBMISSOS, HOMENS SEM SUA
INDIVIDUALIDADE E SUA PRÓPRIA HISTÓRIA.